O número de imóveis entregues aos bancos para pagamento da dívida em 2012, cerca de 5500, baixou 21% em relação ao ano anterior, anunciou, esta quinta-feira, a Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária em Portugal.
De acordo com um comunicado hoje divulgado por aquela associação, "no quarto trimestre de 2012 foram entregues cerca de 1.070 imóveis em dação em pagamento, menos 3% que no trimestre anterior, perfazendo um total de 5.500 imóveis entregues durante o ano de 2012 [tanto por famílias como por promotores imobiliários], um decréscimo de 21% face ao ano transato".
O presidente da Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária em Portugal (APEMIP), Luís Lima, em declarações à Lusa, lembrou que, no primeiro trimestre de 2012 tinha havido um aumento, em relação ao ano anterior de 74%, mas "a partir de abril o setor bancário passou a olhar para esse fenómeno de uma maneira completamente diferente. Passaram a fazer o que já defendo há quatro anos: que os clientes devem ter condições excecionais para uma crise excecional".
O presidente da APEMIP referiu que, "se esses valores [registados no primeiro trimestre] se mantivessem, os bancos iam receber cerca de 30 e tal mil imóveis [em todo o ano de 2012]".
Para esta mudança de atitude do setor bancário, Luís Lima aponta como hipóteses a divulgação dos dados referentes ao primeiro trimestre de 2012 e uma sentença do tribunal de Portalegre.
Numa decisão considerada "inédita" em Portugal, o tribunal de Portalegre decidiu em abril que, ao entregar a casa ao banco, um casal ficou com a dívida totalmente liquidada.
Jorge Sampaio: Reforma do Estado não deve ser feita só para "inglês ver"O antigo presidente da República Jorge Sampaio avisou que a reforma do Estado não deve ser feita à pressa, "para inglês ver", alertando para a importância de resistir ao "frenesim de reformismo agudo".
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Jorge Sampaio |
Num debate, esta quarta-feira, em Lisboa, sobre os desafios do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Jorge Sampaio assumiu a importância de não adiar as reformas do Estado, mas alertou que estas não devem ser feitas para contentar os credores que ajudam financeiramente o país.
"As reformas têm de ser feitas não para contentar os credores, mas por nós, porque nós portugueses queremos um Estado moderno, mais eficaz, mais igualitário", declarou.
Considerando que este debate não pode ser confundido com cortes que têm de ser feitos, o antigo chefe de Estado considerou que as reformas devem ser feitas "numa escala temporal apropriada".
"Não se reforma um Estado a correr só para salvar as aparências ou para inglês ver. Roma e Pavia não se fizeram num dia", indicou.
"É preciso também que se resistia à tentação de embarcar num frenesim de reformismo agudo, precipitado, faccioso e de vistas curtas, que, em vez de trazer soluções justas e duráveis, mais não resultará do que num retrocesso, comprometendo os investimentos feitos nas últimas décadas", preveniu.