É possível abrir a porta do avião em pleno voo? Um piloto explica

É possível abrir a porta do avião em pleno voo? Um piloto explica!

Possivelmente já pensou: é ou não possível abrir a porta lateral de um avião. A resposta foi finalmente desvendada por quem assistiu a vários episódios de alguém a tentar cometer uma loucura nos ares. Ainda este mês, foi noticiado em todo o mundo o caso de uma hospedeira de bordo da Delta Air Lines que partiu uma garrafa de vinho na cabeça de um passageiro. Este incidente aconteceu para travar um homem, que estaria fora de si, quando este tentava a todo o custo abrir, em pleno voo, a porta de emergência do avião que fazia a ligação entre Seattle (Estados Unidos) a Pequim (China). O passageiro em causa acabou detido e enfrenta agora uma pena de prisão até 20 anos e uma multa que pode ascender a 250 mil dólares (cerca de 215 mil euros).

Voltando à questão; a resposta é simples: Para conseguir abrir essa porta, teria de ser “muito, muito forte”, ou seja, ter uma força tal que a tarefa é impossível para – praticamente – qualquer ser humano. “As probabilidades de uma porta dessas ser aberta por um ser humano é muito pequena”, explica à revista Fortune Dennis Tajer, piloto que comanda aviões da American Airlines há 25 anos. “Os aviões foram desenhados de forma a que isso não aconteça”, acrescenta.

O interior das cabines de um avião foi concebido de forma a terem uma pressão muito maior que o ar exterior, com uma diferença que atinge os 3.6 quilos por cada metro quadrado. Ou seja, para conseguir abrir as portas, uma pessoa necessitaria de uma força capaz de responder a um total de 11 mil quilos, o equivalente, por exemplo, ao peso de seis carros ou 20 ursos polares. Além disso, existem ainda os parafusos de bloqueio que ajudam a manter as portas juntas e, para que estas se abram ou desativem, é preciso permissão do cockpit. No entanto, o piloto alerta que a segurança não deve ser ignorada em nenhum caso. Se houver um passageiro a tentar abrir as portas do avião, mesmo que não o consiga fazer, a atitude mostra “uma condição mental instável”. Nesse caso, a tripulação deve ser avisada de imediato. E se a porta se abrisse durante o voo? Se alguém conseguisse efetivamente abrir a porta de um avião de passageiros em pleno voo, a cabine perderia pressão – na maioria dos casos de forma muito rápida. E isso seria caótico. Qualquer pessoa que estivesse próxima dessa saída seria sugada para fora, a temperatura na cabine iria descer vertiginosamente, e o avião correria o risco de se partir em dois. Mesmo que a descompressão seja lenta, explica o The Telegraph, e há registo em todo o mundo de 40 a 50 casos por ano, pode igualmente ser fatal. Em 2005, um Boeing 737 operado pela Helios Airways caiu, matando todos os ocupantes – 121 passageiros e tripulantes. Foi o desastre aéreo mais mortífero da história grega. E aconteceu precisamente após uma perda gradual de pressão da cabine. A falta de oxigénio a 30 mil pés de altitude deixou a tripulação incapacitada. O avião, que voava em piloto automático, acabou por ficar sem combustível e despenhar-se. Como é possível então evitar o pior? Em caso de descompressão, as máscaras de oxigénio (com autonomia para varios minutos) deverão cair do teto da cabine, por cima de cada um dos passageiros e tripulantes, para que estes as possam usar. Depois, o piloto, deverá iniciar uma descida rápida até uma altitude segura, abaixo dos 10 mil pés – o que obriga a ter cuidado ao sobrevoar zonas montanhosas ou com outros obstáculos.

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